segunda-feira, 4 de abril de 2011

Circuito Cultural da Ribeira: pedalando por nossa história

O historiador potiguar Câmara Cascudo explica assim a origem do nome do bairro:
Cquote1.svg Ribeira porque a praça Augusto Severo era uma campina alagada pelas marés do Potengi. As águas lavavam os pés dos morros. Onde está o Teatro Alberto Maranhão, tomava-se banho salgado em fins do século XIX. O português julgava estar vendo uma ribeira. O terreno era quase todo ensopado, pantanoso, enlodado. Apenas alguns trechos ficavam a descoberto nas marés altas de janeiro. Cquote2.svg
Câmara Cascudo
História da Cidade de Natal

De há muito em nossas cicloconversas já havia surgido a idéia de fazer um pedal por dentro da nossa cidade, prestigiando os principais pontos históricos. O fato é que estava difícil sair do papel, pois sempre surgia um complicador.
Por coincidência o pessoal do Circuito Cultural da Ribeira teve a feliz inspiração de organizar uma pedalada que atendeu aos nossos anseios, senão todos, mas parte deles.
Assim foi que no último domigo (04/04/2011) aproximadamente sessenta ciclistas estiveram concentrados na Praça André de Albuquerque, localizada defronte à antiga catedral de Natal e dali partiram para uma pedalada pelos pontos históricos da cidade. Prédios que muitas vezes passam despercebidos na correria do cotidiano foram agora contemplados com mais calma, de cima de uma bicicleta, numa ensolarada tarde de domingo.
Todas as vertentes do ciclismo estavam presentes. Ciclistas de todas as idades, agrupados, sozinhos, com as camisas dos seus grupos, descamisados; teve até ciclista com radioamador (em pleno funcionamento) e ciclista fantasiado (Lanchinho).
Após um rápido passeio na Cidade Alta descemos a Rio Branco em busca do nosso alvo: A Ribeira. Antes de chegarmos ao ponto final - a Rua Chile - fizemos um passeio por nossa história e como era uma tarde de domingo, com pouco movimento no Bairro, a sensação de saudosismo tomou conta de todos.
Tivemos alguns pequenos problemas de entrosamento com motoristas mais apressados, mas tudo foi resolvido sem nenhum incidente, principalmente em razão da valiosa colaboração prestada pelo pessoal da Bicicletada, capitaneada pelos batedores Fabiano, André e Marcos Lemos, com o providencial auxílio dos demais integrantes da Massa Crítica. Os caras não amarelaram e fizeram às vezes do poder público que assumiu o compromisso de mandar os seus amarelinhos e não sei por qual motivo não o fez. É incrível como movimentos pacíficos e previamente organizados são colocados em segundo plano.
O passeio terminou por volta das 18h15min e após a dispersão cada qual tomou seu rumo, sendo que a grande maioria voltou pedalando para suas casas e outra parte (dentre os quais eu) preferiu curtir um chorinho no Buraco da Catita, somente voltando mais tarde pra casa e, logicamente, pedalando.
O grande destaque do passeio foi a presença vibrante de Lanchinho. Não bastasse a sua vestimenta "discreta", a sua bike camuflada e o farnel de lanches que ele carrega, o homem revelou-se um verdadeiro "bike-falante", gritando aos quatro cantos palavras de ordem as mais diversas. Seus apelos ecoaram pelas ruas da Ribeira e dizem os mais exagerados que foram ouvidos além do Potengi.
Tambem mereceu destaque a presença dos grupos familiares, demonstrando assim que a bicicleta também tem esse papel aglutinador.
As mulheres foram presença maçiça, todas lindas e maravilhosas, sem nenhuma exceção.
A lamentar tão somente a tristeza que invadiu o colega Júnior Verona ao se deparar com as ruínas do prédio do Arpege, antigo cabaré da Ribeira, que lhe rendeu diversos ensinamentos. Alguns chegaram a ver uma pequena lágrima descendo de um dos olhos quando ele se deparou com a porta fechada do estabelecimento. O homem somente reanimou quando soube que o prédio foi tombado pelo Iphan. Ainda resta uma esperança.
Enfim, a Ribeira tem encantos mil e merece ser visitada por todos. Vamos incorporar o Circuito Cultural em nossa agenda e levar mais pessoas para vivenciarem a alegria que sentimos ontem.

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